As IMC, Paula Maria, Teresinha Maria, Gregória Maria e Teresinha Sena compartilham seus poemas em Vida e Arte
O poema O QUE CANSA O HOMEM, de Irmã Paula Maria (IMC), reporta-nos ao Saltério do Primeiro Testamento, onde são muitos os Salmos que exprimem o sofrimento do Justo diante da incompreensão de que é vítima, justamente quando pratica o bem e procede retamente. O convite é, pois, rezar esse poema e experimentar o consolo dos fiéis que confiam sua causa à justiça divina.
O QUE CANSA O HOMEM
Será a vida que cansa?… neste caso, a morte é descanso.
Não… a vida não cansa, o que cansa o homem
é o peso das injustiças conscientes,
frias e sarcásticas. O que cansa o homem
é ver o bem que faz ou que pensa fazer
ser tomado como mal. O que cansa o homem
é ser desonrado por aqueles que ama
e tanto procura honrá-los. O que faz o homem cansar
é a dureza de seus irmãos quando usam de uma farsa
de uma máscara do bem mesmo em detrimento daquele
que, na verdade, é seu irmão. O que cansa o homem
é, numa palavra, ser tomado como mau
porque faz o bem sem olhar a quem.
A poesia de Irmã Paula Maria (IMC) inscreve-se no chão de sua religiosidade. Por isso, VENDO O MUNDO dá-nos a impressão de estar lendo o Eclesiástico com a sabedoria que lhe é própria. Deve, pois, ser lido, em atitude de reflexão e contemplação. Vale a pena fazer a experiência.
VENDO O MUNDO
Pára… Pára… Mundo meu, pára… Pára, sim!
é preciso parar, é necessário parar,
pois, precisas ver e enxergar, ouvir e escutar.
Mas, não basta só ouvir e escutar,
é preciso sentir e agir. Eu vejo o mundo
acima de mim, ao lado meu,
até no fundo do mar, mas, vejo acima de tudo,
Alguém que é maior do que o mundo,
mais poderoso que o próprio mundo
e que a ele governa e governa como quer.
Vejo-me no mundo dentro do mundo,
pois neste mundo fui feita e criada.
Agora, Senhor, entrego-te este mundo,
minha Congregação, eu mesma
e tudo do mundo, para transformá-los e salvá-los.
Na poesia de Ir. Teresinha Maria, o sofrimento, a dor, a angústia, mostram-se paradoxalmente belos; não por obra do masoquismo, nem somente pela magia do verso, mas principalmente porque vêm carregados de fé e esperança. Vale a pena conferir.
Senhor, vê: Há tanta tristeza violenta,
Quebrando as telhas do telhado do meu viver…
Tristeza que é chuva, descendo ruidosa;
É chuva escorrendo pelos velhos paredões,
É chuva correndo por corredores e salões…
Sim, em mim, há uma tristeza que inunda
Os mais sensíveis recantos de meu pobre ser:
É uma chuva fria, violenta, dolorosa,
Que cai, continuamente, gritando, raivosa,
Ofuscando o próprio sentido de viver!
Mas, o que digo – nem sei… – Perdoa-me, Senhor,
É que sinto, no meu íntimo, um duelo insano
Duelo sem pausa, sem trégua, enfim:
É a luta do Homem velho, não vencido ainda
Contra o Homem novo, que vai crescendo em mim.
Na periferia da vida, é o Reino da Tristeza,
Tristeza que é chuva, chovendo impiedosa,
Com relâmpagos e com trovões gigantes,
Tornando essa minha noite gélida, enervante;
E o sol, talvez sem relógio, esqueceu as horas…
Oh! Mas, no meu íntimo profundo, há calor,
Há música, há luzes: é perene Alegria.
Aqui, é Teu Reino: há Perdão e Eucaristia,
Há confiança, é manhã eterna, sem entardecer.
Sim, no mais íntimo do meu ser está a Fé e o Amor!
(22.05.2013)